Floriano Vieira Peixoto, conhecido como o “Marechal de Ferro”, foi o segundo presidente do Brasil, sucedendo a Deodoro da Fonseca após a Proclamação da República. Ele governou de 1891 a 1894 e desempenhou um papel crucial na consolidação do regime republicano no país. Sua presidência foi marcada por uma postura autoritária, medidas enérgicas para garantir a estabilidade política e por enfrentar revoltas internas que ameaçavam o novo sistema de governo.
Floriano nasceu em 30 de abril de 1839, na Vila de Maceió, Alagoas. Ingressou na carreira militar aos 16 anos, em 1855, como soldado voluntário, e ao longo dos anos, galgou postos importantes dentro do Exército Brasileiro. Participou de conflitos como a Guerra do Paraguai (1864-1870), onde ganhou destaque por sua coragem e competência. Ao retornar ao Brasil, já como tenente-coronel, Floriano continuou a servir em diversas funções militares, consolidando sua reputação de líder rigoroso e disciplinado.
Floriano foi um dos principais apoiadores da Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, mesmo sem ter sido um republicano convicto desde o início. Sua adesão ao movimento republicano foi vista como estratégica, ajudando a garantir o apoio militar necessário para a transição do regime monárquico para o republicano. Em 1891, foi eleito o primeiro vice-presidente do Brasil, assumindo o cargo junto ao presidente Marechal Deodoro da Fonseca.
A relação entre Floriano Peixoto e Deodoro da Fonseca era marcada por divergências políticas. Enquanto Deodoro tentava implementar um governo centralizado, Floriano representava a ala que defendia maior descentralização e o fortalecimento do poder civil. Em novembro de 1891, Deodoro renunciou em meio a uma grave crise política e econômica, e Floriano assumiu a presidência, conforme previsto pela Constituição.
O governo de Floriano Peixoto foi marcado por uma série de desafios e crises. Sua administração precisou lidar com um país em transição e com graves conflitos internos. Devido a sua postura firme e decisões autoritárias, Floriano rapidamente ganhou o apelido de “Marechal de Ferro”. Vamos aos principais eventos de seu governo:
Floriano governou com mão firme, utilizando de medidas autoritárias para consolidar a República. Ele acreditava que a jovem República brasileira estava ameaçada por forças monarquistas e por opositores que desejavam uma volta ao poder de Deodoro. Para assegurar a ordem, Floriano manteve uma postura enérgica, reprimindo revoltas e impondo seu controle sobre o governo federal e as forças armadas.
Um dos episódios mais marcantes de seu governo foi a Revolta da Armada, um movimento de marinheiros da Marinha do Brasil que se rebelaram contra o governo de Floriano, exigindo sua renúncia e a realização de novas eleições. A revolta teve início no Rio de Janeiro e contou com o apoio de segmentos da elite política, descontentes com a política centralizadora de Floriano. O Marechal de Ferro reagiu com dureza, mobilizando forças leais para combater os revoltosos e adotando medidas repressivas, como o fechamento do Congresso e a censura à imprensa.
Simultaneamente à Revolta da Armada, Floriano enfrentou a Revolução Federalista no sul do Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul. Os federalistas, liderados por Gaspar Silveira Martins e apoiados por militares e civis, lutavam contra o governo centralizador de Floriano, exigindo maior autonomia para os estados e a descentralização do poder. Floriano enviou tropas federais para combater a revolta e, após intensos combates, conseguiu derrotar os insurgentes.
Floriano Peixoto também tomou medidas econômicas e políticas para estabilizar o país. Em meio à crise econômica, ele adotou políticas protecionistas e apoiou a industrialização nacional. Seu governo buscou atrair investimentos estrangeiros e implementar reformas financeiras que incentivassem o crescimento econômico. No campo político, Floriano manteve uma postura centralizadora, reforçando o poder executivo e limitando a atuação de opositores políticos.
Floriano Peixoto deixou o cargo de presidente em 15 de novembro de 1894, cumprindo o restante do mandato iniciado por Deodoro da Fonseca, sem convocar novas eleições, como exigia a Constituição, o que gerou críticas de opositores. Após deixar a presidência, Floriano se retirou da vida política e passou seus últimos anos no Rio de Janeiro, onde faleceu em 29 de junho de 1895.
Floriano Peixoto é lembrado como um líder forte e autoritário, que não hesitou em usar a força para manter a estabilidade política e consolidar o novo regime republicano. Seu governo foi marcado pela repressão a revoltas internas e pelo fortalecimento do poder central, deixando um legado controverso na história política do Brasil. Para alguns, Floriano foi um herói que salvou a República de suas primeiras crises; para outros, sua gestão simbolizou o autoritarismo e a falta de diálogo democrático.
Ainda assim, o “Marechal de Ferro” permanece uma figura fundamental na história do Brasil, representando os desafios enfrentados pelo país em seus primeiros anos como uma república independente.