Francisco de Paula Rodrigues Alves, conhecido como Rodrigues Alves, foi o quinto presidente do Brasil, ocupando o cargo de 1902 a 1906. Seu governo é lembrado principalmente por iniciativas de modernização e saneamento da capital federal, o Rio de Janeiro, e por impulsionar o desenvolvimento econômico e a infraestrutura do país. Rodrigues Alves é considerado um dos mais importantes presidentes da Primeira República, destacando-se por sua administração eficaz e pela implementação de reformas fundamentais.
Rodrigues Alves nasceu em 7 de julho de 1848, em Guaratinguetá, São Paulo. Formou-se em Direito pela Faculdade de Direito de São Paulo, no Largo de São Francisco, em 1870. Iniciou sua carreira política como deputado provincial em São Paulo e, posteriormente, como deputado geral pelo Partido Conservador durante o período monárquico.
Com a Proclamação da República em 1889, Rodrigues Alves aderiu ao movimento republicano, tornando-se um dos líderes do Partido Republicano Paulista (PRP). Ele ocupou cargos importantes, como ministro da Fazenda nos governos de Prudente de Morais (1894-1898) e Campos Sales (1898-1902), onde se destacou por sua habilidade administrativa e por sua gestão econômica austera.
Em 1902, Rodrigues Alves foi eleito presidente do Brasil, recebendo amplo apoio político. Seu mandato foi marcado por um período de estabilidade econômica e política, além de grandes reformas urbanas e sanitárias no Rio de Janeiro, então capital federal, que transformaram a cidade e melhoraram as condições de vida de seus habitantes.
Uma das marcas registradas do governo Rodrigues Alves foi a Reforma Urbana do Rio de Janeiro, liderada pelo prefeito Pereira Passos e pelo médico Oswaldo Cruz. O objetivo dessas reformas era modernizar a cidade, torná-la mais saudável e combater as epidemias de doenças como a febre amarela, varíola e peste bubônica, que assolavam a capital federal.
As reformas incluíram a demolição de cortiços e a construção de amplas avenidas, como a Avenida Central (hoje Avenida Rio Branco), inspiradas no modelo urbanístico de Paris. Essas mudanças transformaram a paisagem urbana do Rio de Janeiro, mas também geraram resistência de parte da população afetada, que foi forçada a se deslocar para áreas periféricas.
Rodrigues Alves também promoveu uma campanha de saneamento agressiva e eficiente, liderada pelo médico Oswaldo Cruz, diretor-geral de Saúde Pública. A Campanha Sanitária incluiu a vacinação obrigatória contra a varíola, a eliminação de focos de mosquitos transmissores da febre amarela e o combate a ratos para evitar a propagação da peste bubônica.
Embora essas medidas tenham sido bem-sucedidas em erradicar ou controlar as epidemias, elas geraram grande descontentamento popular e culminaram na Revolta da Vacina em 1904, um movimento de resistência violenta contra a vacinação obrigatória. A revolta foi duramente reprimida pelas forças do governo, e a campanha de vacinação continuou, resultando em melhorias significativas nas condições de saúde pública no Rio de Janeiro.
Durante o governo de Rodrigues Alves, o Brasil experimentou um período de crescimento econômico e estabilidade. Ele manteve uma política fiscal austera, herdada de seus antecessores, que ajudou a reduzir a dívida pública e a atrair investimentos estrangeiros. Seu governo também investiu em infraestrutura, especialmente na expansão da malha ferroviária e na melhoria dos portos, para facilitar o escoamento da produção agrícola, principalmente o café, que era o principal produto de exportação do Brasil.
Rodrigues Alves adotou medidas para fortalecer a economia interna, incentivando a indústria nacional e a modernização do setor agrícola. Seu governo também buscou diversificar as exportações brasileiras, promovendo produtos como borracha e cacau, que se tornaram importantes fontes de receita para o país.
No campo da política externa, Rodrigues Alves seguiu uma política de aproximação com os Estados Unidos e manteve boas relações com países europeus, como a Inglaterra e a França. Durante seu governo, o Brasil participou ativamente de conferências internacionais e reforçou sua posição de destaque na América Latina, promovendo a ideia de uma liderança brasileira na região.
O governo de Rodrigues Alves não foi isento de desafios e controvérsias. As reformas urbanas e sanitárias, embora necessárias, causaram grande descontentamento entre as classes populares, que foram despejadas de suas moradias e enfrentaram a repressão das forças governamentais. A Revolta da Vacina é um exemplo emblemático de como as medidas modernizadoras do governo geraram resistência e tumultos.
Além disso, seu governo teve de lidar com a crise no setor cafeeiro, devido à superprodução e à queda nos preços internacionais do café. Rodrigues Alves, no entanto, conseguiu conter a crise por meio de medidas de controle de produção e exportação, que visavam estabilizar o mercado.
Rodrigues Alves deixou a presidência em 1906, sendo sucedido por Afonso Pena. Seu governo foi amplamente reconhecido como um período de modernização e de melhorias na infraestrutura urbana e sanitária do país. Após deixar o cargo, Rodrigues Alves continuou ativo na política, mantendo influência dentro do Partido Republicano Paulista.
Em 1918, Rodrigues Alves foi novamente eleito presidente do Brasil, mas não pôde assumir o cargo devido à sua saúde debilitada pela epidemia de gripe espanhola que assolou o país naquele ano. Ele faleceu em 16 de janeiro de 1919, antes de ser empossado para o segundo mandato.
Rodrigues Alves é lembrado como um dos presidentes mais eficazes e modernos da Primeira República. Sua administração ficou marcada pela modernização do Rio de Janeiro, pela melhoria da saúde pública e pela implementação de políticas econômicas que contribuíram para o crescimento e a estabilidade do país. Seu legado de reformas urbanas e sanitárias transformou a capital federal em uma cidade mais moderna e saudável, e seu governo consolidou a posição do Brasil como uma nação republicana estável e progressista.
Ele é considerado um exemplo de liderança competente e visão de longo prazo, que soube enfrentar os desafios de seu tempo com determinação e eficácia.